quarta-feira, 6 de junho de 2012

Os Trabalhadores da Vinha

                                   Descubra com o Élder Jeffrey R. Holland como
                    essa parábola presta testemunho da misericórdia do Salvador 
                                                        e de Sua Expiação.


                     



Ouçam o sussurro do Santo Espírito dizer-lhes, neste exato momento, que devem aceitar a dádiva da
Expiação do Senhor Jesus Cristo.
Élder Jeffrey R. HollandNo tocante aos chamados e às desobrigações que a Primeira Presidência acabou de anunciar, falo por todos nós ao dizer que sempre lembraremos e amaremos os que serviram tão fielmente e que, de imediato, amamos e damos boas-vindas aos que assumiram seus cargos. Nossos sinceros agradecimentos a cada um de vocês.
Gostaria de abordar a parábola contada pelo Salvador na qual um dono de terras “saiu de madrugada a assalariar trabalhadores”. Depois de contratar o primeiro grupo às 6 horas da manhã, voltou às 9 horas, ao meio-dia e às 3 horas da tarde, contratando mais trabalhadores, à medida que a urgência da colheita aumentava. As escrituras dizem que ele voltou uma última vez, “perto da hora undécima” (aproximadamente às 5 horas da tarde), e contratou o último grupo de trabalhadores. Então apenas 1 hora depois, todos os trabalhadores se reuniram para receber o salário do dia. Para surpresa deles, todos receberam o mesmo salário, apesar da diferença de horas de trabalho. Imediatamente, os que foram contratados primeiro ficaram zangados, dizendo: “Estes derradeiros trabalharam só uma hora, e tu os igualaste conosco, que suportamos a fadiga e a calma do dia”.1 Ao ler essa parábola, pode ser que vocês, tal como aqueles trabalhadores, sintam que se fez uma injustiça aqui. Gostaria de abordar brevemente esse assunto.
Primeiro de tudo, é importante observar que ninguém foi tratado injustamente. Os primeiros trabalhadores concordaram em receber um salário pleno pelo dia e foi o que eles receberam. Além disso, imagino que eles estivessem muito gratos por ter conseguido trabalho. Na época do Salvador, o homem comum e sua família não podiam fazer muito mais do que viver com o que conseguiam receber em um dia. Se não conseguissem trabalhar, colher, pescar ou vender, não teriam o que comer. Com mais candidatos do que ofertas de trabalho, aqueles primeiros homens escolhidos foram os mais felizardos dentre os possíveis trabalhadores daquela manhã.
De fato, se tivermos de ter pena, pelo menos em princípio, que seja dos homens que não foram escolhidos, mas que também tinham bocas para alimentar e familiares para vestir. A sorte nunca parecia estar com alguns deles. A cada visita do mordomo, ao longo do dia, eles sempre viam outros serem escolhidos.
Bem no final do dia, porém, o dono das terras surpreendentemente voltou pela quinta vez, com uma oferta incrível! Aqueles últimos e mais desanimados trabalhadores, sabendo apenas que seriam tratados com justiça, aceitaram o trabalho sem saber o salário, achando que qualquer coisa seria melhor do que nada, pois nada havia para eles, até então. Depois, ao reunir-se para o pagamento, ficaram atônitos ao receber o mesmo que todos os outros! Quão assombroso deve ter sido e quão gratos devem ter ficado! Sem dúvida, jamais tinham visto tamanha compaixão em toda a sua vida de trabalho.
Sinto que é no contexto dessa leitura da história que a reclamação dos primeiros trabalhadores deve ser analisada. Como lhes disse o dono da vinha, na parábola, (vou parafrasear, só um pouco): “Meus amigos, não estou sendo injusto com vocês. Vocês concordaram com o salário que receberiam pelo dia, um bom salário. Ficaram muito felizes por conseguir trabalho, e eu fiquei muito contente com o modo como serviram. Vocês receberam o salário completo. Peguem seu dinheiro e desfrutem a bênção. Quanto aos outros, certamente tenho o direito de fazer o que quiser com o meu dinheiro”. Depois, segue-se esta pungente pergunta para todos os que, naquela época ou agora, precisam ouvi-la: “Por que vocês ficam com ciúme por eu ter decidido ser bondoso?
Irmãos e irmãs, haverá momentos em nossa vida em que alguém receberá uma bênção inesperada ou um reconhecimento especial. Peço que não fiquem magoados — e jamais sintam inveja — quando outra pessoa se der bem na vida. Não ficamos diminuídos quando outra pessoa cresce. Não estamos disputando uma corrida uns com os outros para ver quem é o mais rico, o mais talentoso, o mais bonito ou até o mais abençoado. A corrida que realmente disputamos é contra o pecado e, sem dúvida, a inveja é um dos mais universais deles.
Além disso, a inveja é um erro que perdura. É óbvio que ficamos um pouco tristes quando sofremos revezes, mas a inveja nos faz sofrer portudo de bom que acontece com todo mundo que conhecemos! Que “brilhante” ideia seria beber um copo de vinagre toda vez que alguém a nosso redor tivesse um momento de alegria! Sem contar o desgosto no final, quando descobrirmos que Deus é realmente justo e misericordioso e que dará a todos os que habitarem com Ele “todos os seus bens”,2conforme explicam as escrituras. Assim, a lição número um do Senhor da vinha é: o ato de cobiçar, reclamar ou prejudicar os outros não elevanossa posição; e, tampouco, rebaixar alguém melhora a nossa autoimagem. Portanto, sejam bondosos e sejam gratos por Deus ser bondoso. Esse é um jeito feliz de viver.
Um segundo ponto que quero ressaltar na parábola é o triste erro que alguns podem cometer, se desistirem de receber o salário no fim do dia por estarem preocupados com os problemas percebidos no decorrer do dia. Não lemos ali que alguém jogou sua moeda no rosto do dono da vinha e foi-se embora sem um centavo, mas suponho que isso poderia ter acontecido.
Meus amados irmãos e irmãs, o que aconteceu naquela história às 9 horas, ao meio-dia ou às 3 horas foi ofuscado pela grandiosidade do pagamento generoso concedido a todos no fim do dia. A fórmula da fé é: prosseguir, continuar trabalhando, superar o problema e deixar a agitação do início — seja ela real ou imaginária — dissipar-se na abundância da recompensa final. Não se atenham a antigas questões ou ressentimentos — nem contra si mesmos, nem contra seu próximo, nem mesmo, eu acrescentaria, contra esta Igreja verdadeira e viva. A grandiosidade de sua vida, da vida de seu próximo e do evangelho de Jesus Cristo se manifestarão no último dia, mesmo que essa grandiosidade não seja sempre reconhecida por todos, a princípio. Portanto, não se estressem com algo que aconteceu às 9 horas da manhã, já que a graça de Deus procura recompensá-los às 6 horas da tarde — sejam quais forem os acordos de trabalho que vocês firmaram durante o dia.
Consumimos uma quantia preciosa de recursos emocionais e espirituais ao nos atermos ferrenhamente à lembrança de uma nota desafinada que tocamos num recital de piano em nossa infância, ou a algo que um cônjuge disse ou fez há vinte anos, e que insistimos em jogar-lhe no rosto por mais vinte anos, ou a um incidente da história da Igreja que só prova que os mortais sempre terão dificuldade para corresponder às esperanças imortais colocadas diante deles. Mesmo que uma ofensa não tenha começado com vocês, ela pode terminar com vocês. E que grande recompensa haverá por essa contribuição, quando o Senhor da vinha olhar em seus olhos e acertar as contas no final de nosso dia terreno.
E isso me conduz ao terceiro e último ponto. Essa parábola, como todas as parábolas, não trata realmente de trabalhadores ou de salários, assim como as outras não tratavam de ovelhas ou de bodes. É uma história sobre a bondade de Deus, Sua paciência, Seu perdão e a Expiação do Senhor Jesus Cristo. É uma história sobre generosidade e compaixão. É uma história sobre graça. Ela salienta o pensamento que ouvi há muitos anos de que, sem dúvida, a coisa que Deus mais aprecia no fato de ser Deus é a emoção de ser misericordioso, especialmente com os que não esperam misericórdia e que, com frequência, acham que não a merecem.
Não sei quem neste imenso público de hoje pode precisar ouvir a mensagem de perdão inerente a essa parábola. Mas, por mais tardios que se imaginem, por mais chances que achem que perderam, por mais erros que sintam ter cometido ou talentos que achem que não têm, ou por mais longe do lar, da família e de Deus que achem que se afastaram, testifico-lhes que vocês não foram para além do alcance do amor divino. Não lhes é possível afundar tanto a ponto de não ver brilhar a infinita luz da Expiação de Cristo.
Quer sejam ou ainda não sejam de nossa religião ou quer tenham estado conosco antes e não tenham permanecido, não há nada, em ambos os casos, que fizeram que não possa ser desfeito. Não há nenhum problema que não possa ser vencido. Não há nenhum sonho que, no transcorrer do tempo e da eternidade, não possa ser realizado. Mesmo que sintam que estão perdidos e que são os últimos trabalhadores da undécima hora, o Senhor da vinha ainda lhes acena. “[Acheguem-se] com confiança ao trono da graça”3 e caiam aos pés do Santo de Israel. Venham e banqueteiem-se “sem dinheiro e sem preço”4 à mesa do Senhor.
Faço um apelo especialmente para os maridos e pais, portadores do sacerdócio — ou portadores em perspectiva — dizendo-lhes, tal como fez Leí: “Despertai! e levantai-vos do pó (…) e sede homens”.5 Nem sempre, mas frequentemente, são os homens que decidem não atender à conclamação de “[integrar] as hostes do Senhor”.6 As mulheres e as crianças geralmente parecem mais dispostas. Irmãos, ergam-se. Façam isso por vocês mesmos. Façam isso por aqueles que os amam e estão orando para que aceitem a convocação. Façam isso pelo Senhor Jesus Cristo, que pagou um preço incomensurável pelo futuro que Ele deseja que vocês tenham.
Meus amados irmãos e irmãs, para aqueles de vocês que foram abençoados pelo evangelho ao longo de muitos anos, porque tiveram a felicidade de encontrá-lo cedo, para vocês que aceitaram o evangelho aos poucos, e para vocês — membros ou ainda não membros — que ainda estão hesitantes, para cada um de vocês e para todos, presto testemunho do poder renovador do amor de Deus e dos milagres de Sua graça. A preocupação Dele é com a fé que virão a ter no final e não com a hora do dia em que chegarão lá.
Portanto, se fizeram convênios, guardem-nos. Se ainda não fizeram, façam-nos. Se já os fizeram e os quebraram, arrependam-se e renovem-nos. Nunca é tarde demais, enquanto o Mestre da vinha disser que há tempo. Ouçam o sussurro do Santo Espírito dizer-lhes, neste exato momento, que devem aceitar a dádiva da Expiação do Senhor Jesus Cristo e desfrutar o agradável convívio que há em Seu trabalho. Não demorem. Está ficando tarde. Em nome de Jesus Cristo. Amém.

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